Monday, October 16, 2006

O Arcanjo Curitibano - Capítulo II

II - O outro lado da moeda

Eu amo Curitiba, Curitiba é minha pátria; no centro dessa província eu vejo o relógio das flores circuncidado pelo vento gelado, no vão das pessoas apressadas de cara amarrada, fechadas no seu mundo, assustadas pelo medo de si mesmas, medo que assombra a escuridão da rua, a sombra das araucárias.

Que olhar romântico este, não se pode esquecer da imundice mais para baixo, das praças que, dos velhinhos, passo a passo, foram tomadas pelos marginais. Logo acima, os aristocratas, "panacas", suspiram a fraqueza de seus atos, sua felicidade podre, sua mediocridade estampada na fachada de sua moral (aparentemente superior) vazia. Transitam a ilha, saem de seus apartamentos de luxo na Alameda Dom Pedro e entram nos bares da rua de tantos nomes, famosa Avenida Batel, enquanto as filhas dos senhores (repletos de verdades prontas, conceitos éticos superficiais, primordialmente estéticos; semelhantes aos maginais em matéria de alcalóide) comprovam a tese para a qual este texto todo serve: "o que os olhos não vêem, o coração não sente".

Em tempo tão moderno, tempo de expressão libertina, pode-se dizer claramente, em tom rude e sucinto: "se aos olhos de papai eu sou um anjinho, pelas costas eu minto, apronto e 'sacaneio' à vontade, e 'sacaneio' mesmo, no sentido real do termo".

3 Comments:

Blogger canela fina said...

é, acho q vou tentar inventar um arcanjo carioca! rs só q ele vai falar de praia, samba e mulheres rs

(arcanjo pode falar de mulheres n pode?)

12:00 PM  
Blogger Guilherme de Souza said...

pode! arcanjo é uma mistura de inteligência e vontade, acho. curte a vida!

11:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

Posso estar enganado, mas senti um tom de julgamento muito forte. Será que cairemos em um pedido de ética puritana? Espero que não, mas se for tudo bem. rs.

1:07 PM  

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